segunda-feira, 13 de agosto de 2007


PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mario Quintana

2 comentários:

Udi disse...

Hmmm! a capacidade humana da fantasia e ilusão! Para o bem ou para o mal... depende de como somos capazes de acomodar seus efeitos.

Flavio Ferrari disse...

Gosto de sentir saudades. Melhor ainda matar as saudades.
Só fico triste quando sinto saudades de mim.