Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
18 comentários:
Há dois ou três dias, foi lançada a proposta de fundar um museu dedicado a Fernando Pessoa, por cima do Café Martinho da Arcada. Toda a gente apoiou a ideia para o novo espaço, dada a ligação daquele café ao poeta. Espero que o projecto se concretize...
Beijo.
António
O poeta da introspecção da alma lusitana.
É um tema que eu adoro, e o que mais me cativa.
Aliás adoro o fado, letras que falam da alma humana, dos sofrimentos do sentir do se entregar, do porvir distante.
Cara Anne, você faz deste teu blog um mural gigantesco da alma humana.
Eu tbm António! FP é um sonho :-)
Vittorio: Obrigada amigo! Qdo comecei o blog a minha intenção foi a de uma válvula de escape em forma de achar ou escrever poesias ou narrativas que descrevessem meu estado de espírito no momento da postagem - no momento da necessidade de escape - e mais importante, compartilhar isso com amigos. O escrever é uma válvula de escapa que nos leva sempre na direção da liberdade...
Beijos fugidíos aos dois :-)
Caro Tapadinhas:
Queres nos deixar com água na boca é, o pá?
Assim não vale. Vives mais perto das coisas do Fernando do que nós.
Que é isso,Ernesto!? Não pode ser só desvantagem: você tem o Museu do Ipiranga... e está mais perto de Anne...
Abraço.
António
Fernando tinha multiplas personalidades ...
Quando fixado na principal, entitulava-se Pessoa ...
Tapadinhas
Cá estou tambem a apoiar a iniciativa. Parabens
Flávio e Jorge: Pessoa é Pessoa... :-)
Como é bom sermos apenas PESSOA...
Olá Ti! Pessoas humanas e amigos...
pessoas, que Pessoa representa tão bem...
Vou fazer chegar o vosso inestimável apoio ao pintor Mário Silva, autor da proposta, e ao Ministro da Ciência, Mariano Gago, porque a Ministra da Cultura não estava estava presente, nesse almoço de comemoração do 226.º, da fundação do Café Martinho da Arcada... Ela devia estar na Faculdade de Ciências :) ou, quem sabe, no cabeleireiro...
Abraços e beijos (na distribuição faço questão dum beijo para Anne).
António
António:
Obrigado e seu beijo pra mim está guardado. :-)
Nós todos aqui nessa aldéia bloguenígena adoramos Fernando Pessoa e seguidamente temos poemas dele por aqui...
Pronto, Anne, tenho um carinho para si, e todos os bloguenígenas no meu espaço. Espero que gostem.
Beijo.
António
Pessoa é uma pessoinha e tanto!
Ilumina o meu cais com os versos de "O Contra-símbolo":
"Uma só luz sombreia o cais
Há um som de barco que vai indo.
Horror! Não nos vemos mais!
A maresia vem subindo."
António:
Adorei... Já estive lá...
Jorge:
Vai lá no blog do António...
Hola soy española y hay palabras que no he entendido pero me he imaginado. Precioso
María Angeles: Muchas gracias por su visita! Eres una más para yo poder practicar mi español... :-) Sientase en casa y vuelva siempre.
Un beso
Anne
Postar um comentário