segunda-feira, 7 de abril de 2008

Foi um momento


Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não?

Não sei.
Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa
Incompreendida...

Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
'Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.

Fernando Pessoa
http://www.secrel.com.br/jpoesia/fpessoa186.html

9 comentários:

Anônimo disse...

Son momentos que quedan grabados para siempre en nuestra memoria... algunas veces también en la memoria ajena.
Muy bonito
besos

A.Tapadinhas disse...

Para mim não é uma brisa: é uma ventania que me chega desse lado do Atlântico... Duvido que as janelas que protegem o meu coração destas agressões resistam... Vou experimentar com vidros duplos... :)
Beijo sem vidraças.
António

Anne M. Moor disse...

Elbia: Quedan grabados para siempre, a veces tiempos después...
Besos

Anne M. Moor disse...

António!
Tu és especialista em janelas :-)
Beijos

Flavio Ferrari disse...

Que lindinho ....

Anne M. Moor disse...

Flávio, I can see your face!!!! Qual das coisas é 'lindinho'... :P
Beijos sorridentes :-)

Ernesto Dias Jr. disse...

Desculpe Flavio, mas a expressão é "catito".

Ernesto Dias Jr. disse...

(E a Anne vai bater na gente...)

Anne M. Moor disse...

Euuuuuuuuuuuuuuuuuu??? Bater em vcs???? Nunquinha... Wellllllll...
Beijos