segunda-feira, 30 de abril de 2007

Histórias de uma caminhada (2)



Ela era baixinha como eu, magra, de cabelos compridos grisalhos sempre acomodados em um coque coberto por uma rede bem fininha. Sempre bem arrumada em vestido floral, tailleur de cor escura com blusa floral e eternamente de salto alto. Ela era minha avó. O nome dela Elizabeth Mc Culloch. Nós a chamávamos de Granny.

Granny foi uma pessoa genial. Manteve a família unida embora morássemos em países e continentes diferentes. As filhas – minha mãe inclusive – escreviam cartas semanalmente pra ela e ela se encarregava de fazê-las rodar entre todos os irmãos. Assim nos mantivemos juntos. Tanto que ainda hoje 15 anos após a morte dela aos 100 anos, nós, os netos, ainda mantemos contato e quando nos vemos é como se nunca tivéssemos nos separado. Estamos no Brasil, no Uruguai e na Inglaterra.

Nunca levantou a voz e quando alguém reclamava de um de nós Granny costumava dizer:
– É uma fase... Isso passa.
Sempre me lembro dela sentada numa poltrona em frente à lareira fazendo tricô ou lendo e nós correndo a volta dela brincando. Ou então, ela na cozinha e o cheiro inconfundível da comida de vó... Saudades...

9 comentários:

Anônimo disse...

A saudade das avós é uma saudade especial. Terna e doce. Eu sinto até hoje (sempre vou sentir) o cheirinho delicioso da minha avó.
_ Vó querida, você deixou maravilhas na minha estrutura. Solidez e amor...
Desculpe o abuso Anne, mas nao consigo falar dela sem fazer uma declaraçao de amor.
Bjo.

Flavio Ferrari disse...

Ah a sabedoria dos mais vividos ...
Tudo na vida passa. Até as uvas passam.
Se ela vivesse hoje, certamente teria um blog ...

Flavio Ferrari disse...

E, só para registro, também tenho saudades das chineladas da minha avó...

Anônimo disse...

Passam, o açucar se concentra e ficam muito mais doces...

Flavio Ferrari disse...

Lú, a sinapse mais rápida do oeste ...

Anne M. Moor disse...

Lú... fica a vontade... Solidez e bom senso é o que lembro da Granny... Doação... Uma vez qdo ela tinha 90 e caracacá, ela estava sentada na sala (já vivia com a minha mãe) gemendo e a minha mãe mandou ela parar de gemer... A resposta veio imediata e alto e bom tom: "E porque não posso gemer se eu estou com vontade?" :-)
Flávio... Certamente ela teria um blog com participação intensa...

Anônimo disse...

Centro-Oeste(rss).

Gonçalo Cholant disse...

Avós sempre me passam aquela sensação de estabilidade imperturbável. talvez por terem visto de tudo já. talvez por terem visto pouco, mas o suficiente pra desvendar todo o resto. a minha eh assim também. baixa, magra, cabelos brancos e imponente. as vezes me impressiono que haja tanta vida em uma vida. espero ser ssim um dia. Até lá, I'll enjoy the ride.
:)

beijos anne. saudades de ti.

Anne M. Moor disse...

Nice to see you here... And even nicer to know that you like writing... Congrats... Miss you too...