terça-feira, 18 de dezembro de 2007

FAISCAR DE INFINITO

Foi um momento de glória, um instante,
um faiscar de infinito.
Um suspiro de tempo, um átimo de vida.
Como começou?
Não senti... não sentistes... não sentimos...
Veio suave como a esperança.
Veio leve como a brisa...
Veio macio como bênção de mãe...
Eu estava aqui... tu vieste dali...
Nos olhamos, nos sentimos, mesmo sem jamais termos nos tocado...
Eu senti a maciez da tua pele,
A doçura de teus lábios, o calor de teus abraços...
Senti sim, não duvides. Sei que acreditarás em mim, pois tu o sabes...
Galgamos juntos o poder do saber amar,
vivemos juntos o nosso momento predestinado.
Sofremos unidos o instante do sublime morrer...
Foi um momento de glória, um instante,
um faiscar de infinito.
Eu sabia... tu sabias...
Nós sabíamos...
Estava ali, entre nós dois, no ar que respirávamos e no olhar que trocávamos...
A beleza fugaz do mundo inteiro, recortado em teus olhos macios...
E foi crescendo, foi crescendo, crescendo como um vagalhão de estrelas...
Tal qual a Sonata de Beethoven, de pianíssimo foi a seu auge,
Sem predestinação, predestinado.
O tempo parou... o mundo acabou...o sonho iniciou...
Foi um momento de glória, um instante,
um faiscar de infinito...
Senti teu peito quebrar dolorido, doendo, sofrendo a sorrir, balbuciando a gritar.
Alguma coisa falou em meus olhos, que gargalharam de tristeza,
Na felicidade do instante...do instante da verdade.
Minhas mãos queimaram ao querer fugir dos grilhões que carregavam...
Então eu saí. Saí do meu invólucro humano e fui cosmo...
Vaguei pela galáxia todinha, espargindo fremir.
Desci ao poço do mundo, buscando brilhantes, esmeraldas, em festa de luz.
Fui pássaro...fui peixe... fui música... fui grito... fui sonho, fui terra e fui ar.
Foi um momento de glória.
Um faiscar de infinito.
Mas depois...depois voltamos
Juntamos nossas vidas esquecidas, nossas esperanças frustradas...
Nossas lágrimas, nossos cigarros queimados, nossos minutos contados.
Voltamos à poluição, ao barulho, à pressa...
Voltamos a correr para o amanhã igual ao ontem...
Voltamos a ser eu... e tu!

by Carlos Camargo

17 comentários:

Anônimo disse...

Q liiiindooo, Anne! Maravilhoso! Talvez pq eu tenha vivido este faiscar de infinito há bem pouco tempo e consegui revive-lo lendo o texto!

Anne M. Moor disse...

E eu ainda o vivo... :-)

Zé Carlos disse...

Anne querida, eu me encanto com seu blog... vc é dez...
Bjs do ZC

Flavio Ferrari disse...

É a sucessão de faiscas que acende a chama da vida ...
(putz, ficou piegas ...)

ana disse...

Anne, no entiendo muy bien todo lo que dices en tu poema, el matiz de las palabras se me escapa- Pero si entiendo el sentimiento de montaña rusa- ahora arriba en la cumbre del sentir y gozar, ahora abajo en el valle de lo cotidiano.
Un abrazo,
ana

A.Tapadinhas disse...

Imagino-te a ler - a ler não, a declamar - este texto numa roda de amigos, com um copo na mão, vazio, porque a única bebida são as tuas palavras, com o som de fundo do trepidar do fogo na lareira... É verdade: com a luz das labaredas a iluminar o teu rosto...
Linda!!!
António

Anne M. Moor disse...

Zé Carlos: Que bom te ver por aqui e obrigada :-)

Flávio: que piegas que não... sentimento é pra ser sentido e expresso e o que disseste é a mais pura verdade piegas ou não!!

Ana: sabés ingles? Traducir para español no me atrevo, pero te lo mando para tu email en ingles si quieres...

António: tu pintas cenas com palavras de uma maneira tão viva quanto o fazes com pincéis e tintas!!!!! Obbrigada!!

Anônimo disse...

Fez-me recordar de um tempo em que ao findar o encanto daquele momento não era eu nem era a outra, ela estava em mim em cada soriso, em cada amanhecer, em cada flor se abrindo, em cada esquina, na fumaça do cigarro, em cada arremetida do avião deixando o solo, em cada nuvem, em cada fresta por onde a paisagem se distanciava, em cada instante do tempo....
Estava em mim quando mais forte pulsava o coração ao aproximar do Salgado Filho sobrevoando as águas do Guaiba sem me dar conta que as minhas lágrimas se misturavam as águas do rio, corrente de felicidade só por estar estar perto da amada na minha adorada Porto Alegre....
Bons tempos, lindos tempos, eternos tempos.
Grato pelas escolhas de poemas tão lindos, recordar é viver... é isso que faz a vida tão bela....

Anne M. Moor disse...

zottinogv...
Obrigada pela visita e sinta-se em casa, voltando sempre. Poesia é um de minhas paixões... De onde vc é? Ou talvez melhor seria perguntar onde vc mora???

Walmir Lima disse...

Anne, como sempre, a 'garimpeira' das palavras preciosas...

ana disse...

Claro Anne, mándamelo en inglés si quieres, me encantaría.
abraço,
ana

Anne M. Moor disse...

Walmir: o poema é lindo né?

Ana: te lo mando entonces... besos

Jorge Lemos disse...

Anne o Zotino é o Vitório, my friend.

O esplendor das palavras, como coriscos, animando os nossos céus de amantes. Amamos a poesia, dela fazemos o instrumento da ventura
fazendo jorrar a esperança.
Anne em seus mais belos momentos!
Parabens

Anne M. Moor disse...

Jorge: Obrigada... tu és muiiiiiiiiiiito generoso... Beijos ternurentos...

Vitório: hahahahaha ENTÃAAAAOOOO tu és de Porto Alegre????? Não sabia não... Feliz Natal!!

vittorio disse...

Saudações vinhedenses, viste é coisa de louco o meu PC ficou maluco fiquei uns cinco dias e ai saiu o meu email, pode?
Vivi muitas aventuras neste Rio Grande do Sul, ministrei várias palestras e conduzi diversos seminários de Liderança e PLT, Gestão da Qualidade criatividade e muitos outros para a Icotron em Gravatai( do Grupo Siemens)e para a filial de Porto Alegre.
Amo esta terra linda de brava gente que alem de bonita é muito inteligente.
Em 1982 quando a Italia sagrau-se tri campeã estava eu em POA, até nisto tive ótimas recordações.

vittorio disse...

Feliz Natal, tua página esta maravilhosa lindas imagens.
espero que continue com estas escolhas divinas para que possamos continuar sonhando e viajando pela linguagem da prosa e da poesia.

Abraços natalinos

Anne M. Moor disse...

Obrigada Vittorio. Certamente continuará. Poesia faz parte integrante da minha vida.