sexta-feira, 13 de junho de 2008

Reflexões


Outra noite ao sentar embebida pelo fogo da lareira fiquei a pensar o que teria sido na minha caminhada que me fez gostar tanto de ler e escrever e, especialmente, a minha paixão pela poesia. Passou em frente aos meus olhos uma menininha enrolado no sofá com um livro na mão, lendo sem prestar a mínima atenção ao que tinha ao seu redor, e a figura dos meus pais sempre com livro na mão.

Meu espírito aventureiro provavelmente vem, entre outras coisas, do tipo de leitura que sempre fiz. Criei-me lendo basicamente três tipos de livros: as aventuras de um grupo de cinco crianças – The Famous Five, as aventuras de outro grupo de sete crianças – The Secrect Seven – e livros sobre enfermeiras e hospitais. Enid Blyton, autora desses livros, foi uma constante na minha vida dos cinco aos doze anos de idade.

Porém, antes disso, fomos alimentadas, minha irmã e eu, por histórias contadas pelos nossos pais e avós e poemas de Robert Louis Stevenson, Hans Christian Anderson, Beatrix Potter entre outros. Lembro-me de sentar aos pés de minha avó aprendendo a recitar poesia com ela.

Não sei bem com que idade passei de autores infantis para adultos, mas aos doze anos fui apresentada ao Shakespeare, o qual estudávamos no colégio. Analisávamos a obra, memorizávamos trechos e fazíamos teatro. Na escola havia um gramado redondo com um chafariz no meio que era onde encenávamos as peças ao final do ano. Ao ar livre abaixo das estrelas e da lua e as pessoas sentadas em volta do “palco”.

Adulta, continuei lendo autores como J. Grisham, Alistair MacLean, Ngaio Marsh, Robert Ludlum, C.S. Forrester, além de James Herriot e Gerald Durrell. Sempre li em inglês. Comecei a ler em português com 36 anos quando entrei na faculdade e diversifiquei minhas leituras. Mas ainda gosto de ficar enrolado no sofá, que nem aquela menininha, e ler uma boa aventura.

© Anne M. Moor - 2008

13 comentários:

Suzana disse...

Ane querida,
Lembrei-me de minha avó lendo para mim "Contos Àrabes" uma maravilha pra crianças, que como eu, na época, gostava de sonhar.O amor pela leitura
sem dúvida alguma vem da infãncia e sou grata por ter tido, como vocÊ esta iniciação.
Grande legado!
bjs

Walmir Lima disse...

Nossa! Queria poder ler, pelo menos uma parte de tua biblioteca.
Certamente eu seria um homem melhor.
Bjo de "Sto. Antonio"

Anne M. Moor disse...

Suzana,
As vezes fico pensando sobre o porquê de algumas pessoas gostarem tanto de ler e outras não acharem a mínima graça. Também sou grata pelo legado que me foi ensinado.
Beijos e bom fim de semana

Anne M. Moor disse...

Walmir,
Sei que gostas dos mesmos tipos de autores :-) Tive sorte de ter bibliotecas a minha disposição em casa e na casa do meu avô paterno.
Uma das coisas que uma de minhas colegas dos anos 50 me disse em março no encontro foi: "Não sabes COMO me lembro daquele corredor na casa de praia do teu avô cheio de prateleiras de livros!" Não só eu aproveitei o 'legado' de uma família leitora, mas meus amigos tbm.
Beijos aconchegantes e aconchegados :-)

Suzana disse...

Ane,
Vou te contar uma história engraçada.
Quando minha filha estava na fase do " O que significa ? ", eu resolvi comprar um Aurelinho.Pois bem, dei de presente e no dia seguinte fui trabalhar.Ao voltar pra casa, minha mãe toda brava!E eu sem saber porque.Ela então disse-me:
- Pergunte a sua filha de gostou do livro...
Eu perguntei e ela respondeu:
- Muito legal! Já estou na letra "G" !!!!
Tinha sete anos!
E eu, claro, ensinei como usar o dicionário, mas ela continuou no ritmo! kkk

Márcia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Márcia disse...

Anne, uma história sobre meu gostar de ler, contada pela minha mãe: certo dia ela me "perdeu" no supermercado, desesperada, começou a me procurar, e naquela época eu ainda não usava o aparelho auditivo, então não adiantava me chamar pelos corredores do super.Imagina a correria!
No entanto, ao sair do interior do super, ela me encontra sentada na esquina, comendo uma banana e lendo um gibi.Detalhe: o gibi estava de cabeça para baixo, (e mais não paguei nem pelo gibi, nem pela banana). Naquela época eu era apaixonada por gibis, mas não sabia ler, eu adorava ver as "histórias" e depois contar para meu irmãos,mesmo sem saber o que significado das palavras.Aliás, meu avô adorava este momento por que ele dizia que eu tinha uma imaginação fértil,muito fértil.(Pena que ao entrar para escola, os professores não souberam estimular essa minha imaginação).
Assim, hoje há uma "lenda", para afamília e para os amigos, quando estou muito quieta em casa ou em qualquer outro lugar, já sabem: é porque a Márcia está perdida em alguma esquina lendo!

bjs.
Márcia Duarte

Raquel Neves de Mello disse...

Tambem iniciei meu caminho na leitura pelos gibis. Mesmo porque em casa nao havia uma biblioteca. Meus pais tinham pouca cultura e poucos recursos. Ainda assim, minha mae vivia comprando, no carnê, enciclopedias que eram vendidas de porta em porta. Foram essas enciclopedias, com certeza, a mae do meu espirito cientifico. O pai foi a curiosidade.

disse...

Então também vou contar a minha.
Ganhei, do meu avó,uma coleçao chamada"O mundo da criança". Tinha cinco anos. Fui sendo alfabetizada na escola e devorando aquela coleçao.
Não soltava daqueles livrões de capa vermelha.
As cores de capas diversificaram muito de lá pra cá.Quanto aos livros estou ainda sempre pendurada em algum.
Nos encontros de família, quando todos procuram ficar bem próximos uns dos outros pra matar a saudade, ás vezes dão por minha falta:"tá pendurada em algum livro" , alguém diz.
Acertam sempre.
Beijo querida.
PS:No momentos estou fazendo uma reflexão muito séria:O que faremos em Punta(rssssss).
Suzana: Adorei essa estória da sua filha....e Márcia, o Paulo (filho do meio) também lia gibi e jornal assim quando tinha uns três aninhos:de ponta cabeça e passando direto na horizontal de uma página a outra ,prá so depois ir pra linha de baixo apontando o dedinho.
Era lindo e engraçadíssimo.
Beijos.

Anne M. Moor disse...

Suzana,
Eu tenho uma amiga/irmã e o filho mais velho tbm lia o dicionário e na falta de alguma coisa pra ler até o guia telefônico servia...
:-)

Anne M. Moor disse...

Márcia,
Imagino o desespero da tua mãe!!! E continuas igual, sabendo o que queres da tua vida. Chegas lá...
Beijos

Anne M. Moor disse...

Raquel,
Eu tive sorte, mas cada um de nós tem histórias pra contar sobre a razão do gosto pela leitura... Afinal todos convergimos aqui por esta razão...
Beijos

Anne M. Moor disse...

Lú,
Consigo te enxergar enfiada num livro grande de capa vermelha...

Agora em Punta, certamente não teremos tempo pra ler... hahahahahahahaha
Abração