quinta-feira, 30 de julho de 2009

O mundo digital e seus tentáculos (2)

O uso do computador e a descoberta da internet foram, para mim, uma festa. Gosto de viver, adoro gente, tenho imenso prazer em conhecer pessoas novas, enfim, de me relacionar. A minha incursão neste mundo mágico foi aos poucos. Comecei pelo acadêmico, mas logo a seguir o pessoal e social começou a me atrair. Os sites de relacionamentos me pareciam algo perigoso – medos surgiram. Mas a curiosidade nata me fez explorar e abriu-se um mundo surpreendentemente fascinante aos meus olhos. Cadastrei-me no primeiro, ainda com uma mistura de medo e vergonha. Comecei a conhecer pessoas diferentes. Uma realidade estrondosa apresentou-se – milhares de homens e mulheres de minha idade – 50... 60... – solitários, procurando companhia, amizade, papo. Foi um início.

O mundo digital tem desacomodado de várias maneiras a sociedade nas últimas décadas. As relações pessoais passaram a contar com formas diferentes e não tradicionais de interação, empatia, encanto e, por que não, de amor. Formas essas pouco aceitas por pessoas avessas a mudanças, a coisas novas, a aventurarem-se no abismo da vida.
Conheci pessoas. Criei empatias e sentimentos com pessoas sem vê-las, nem ouvir a voz (naquela época eu não tinha câmera.). Surpreendi-me com o fato de poder criar empatias com alguém sem ouvir a voz, sem ver, sem tocar... Namorei. Fui tachada de louca, pobre coitada, entre outras coisas por pessoas que nem sequer sabem ligar o computador e muito menos entendem as relações humanas virtuais ou presenciais. Mas eu sabia o que sentia e passei a conhecer a vida que se desenrolou a partir disso.

Muitos amigos queridos conheci e mantenho até hoje. Alguns ainda virtuais, outros já presencialmente também. A riqueza dessa rede de amigos novos e/ou reencontrados é que não mais o meu círculo de amizades é restrito à cidade em que moro, mas espalha-se pelo mundo. Tenho amigos no Brasil, na América do Sul, nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália. Amigos com quem converso e interajo quase todos os dias. Encontrei-me novamente com amigos da época do colégio pela internet e posteriormente em encontros agendados com a ajuda da internet. Mágico e adorável. Sem a internet jamais teríamos encontrado colegas de 50 anos atrás. Não só encontrei, mas passamos a interagir como se os 50 anos não houvessem existido.

Conheci um grupo de amigos através do meu blog e do deles. O mesmo país mas estados e cidades diferentes. Marcamos um encontro após um ano de interação pela escrita, pela poesia nos blogs. Foi em São Paulo por ser o ponto mais central do grupo. O que mais surpreendeu a todos foi a familiaridade que havia entre o grupo. A sensação de conhecer as pessoas desde sempre. O prazer de estarmos juntos.

17 comentários:

Lucas disse...

é. vai ver vc deu sorte! ainda bem... mas desconfia se algum dia o papai noel te bater na porta e disser: - lembra de mim? lá do chatnatal!? pois é, eu era o
papa2!...

bjinhos e continuação de boas netadas! eu fui e regressei.

:-)

Anônimo disse...

Lucas
Na vida tudo tem uma porção de sorte, mas pequena... É muito mais do que isso. Como só conheço dois Lucas e acho que não é nenhum dos dois, quem és, de onde vens?

Abraços

Roney Maurício disse...

Ei Anne,
achei que os "tentáculos" aos quais você se referia eram mais, digamos, perigosos...

Então você vê como algo intrinsecamente bom a crescente virtualização das relações humanas?

A.Tapadinhas disse...

Ainda há pouco tempo, Flavio dizia (cito de cor) que remédio e veneno dependem da dose.

Há poucas coisas intrinsecamente boas ou más. Neste caso, da descoberta do mundo virtual, depende do uso de que se faz dele.

Sobre o teu comentário e a pergunta, lá no meu Sem Margens, estive quase a entrar de férias...

Cheguei a escrever a minha despedida...

...mas não tive coragem!

Numa espécie de compromisso, resolvi começar a escrever as respostas nos blogues dos amigos que me visitam...

Logo que o meu tempo disponível normalize, voltarei à primeira forma. That´s it!

Muito gentis tuas palavras!

Beijo.
António

Anônimo disse...

rm
Os 'tentáculos', mesmo bons, podem ser também perigosos rsrsrsrs

Acho que tem muita coisa boa no meio virtual que não é virtual, como as relações, por exemplo. Uma relação presencial pode ser mais 'virtual' do que a a distância. Todas as relações que eu tenho feito e cultivado a distância (separação geográfica) não são virtuais.

Já tive algumas 'relações' virtuais que por serem virtuais acabaram, evaporaram...

Claro que as comunidades que se criam por aqui não são sempre boas e nem as consequências disso, mas não por ser diferente que é pior que a presencial. Muito pelo contrário - I have found... :-)

Anônimo disse...

António
Certamente depende do uso que se faz desse mundo que não me parece tão virtual assim, senão que o meio pelo qual surge e/ou se cria é virtual. Mas as relações nem tanto (vide meu comentário para o rm acima).

Foi contigo que aprendi a responder a todos meus leitores e uso essa tua tática na formação de professores para EAD. Volta sim, depois das férias, de descansar... Sentimos falta da tua interação conosco.!

Beijo

SHE disse...

Has hecho un lindo escrito sobre internet, a mi me ha dado mucho gusto conocer personas de calidad
a quienes me unen lazos de admiraciòn y cariño, personas como tù Ani.

Mucho èxito y felicidad, te sigo.

Anne M. Moor disse...

SHE
Gracias! Y és verdad. Conocemos muchas personas riquísimas por acá...

Besos

Roney Maurício disse...

Eu entendo perfeitamente, Anne. Estava só te provocando, apesar de ter uma visão algo mais crítica que a sua, especialmente em relação às "novas" gerações...

Lucas disse...

rm
que tem de mal com as novas gerações? afinal os blogs não são todos mais oumenos da mesma geração?

bj anne. sou só Lucas, um que não conhece, portanto não sou"ninguém". venho cá as vezes te ler e gosto.

Anne M. Moor disse...

Lucas e rm

Os blogs fazem parte da 6ª geração... será? Gostei do jogo de palavras Lucas, o enigmático... rsrsrs

Volta sempre que quiseres.

Abraços aos dois

Roney Maurício disse...

Lucas,
não vejo nada de mal em relação às novas gerações, sejam de pessoas ou blogs.

Só me espanta o tempo que os mais jovens dispensam a "relações virtuais" em detrimento das reais.

Anônimo disse...

Cara Anne já dizia Peter Drucker só há duas maneiras de administrar, bem ou mal. Creio que na vida também é assim, nada é bom ou mal, o que fazemos e o como o fazemos é que adjetiva nossas ações.
A tribo humana está a buscar respostas pelo imenso vazio das coisas prontas a nos roubar a alma, a nos conduzir feito rebanhos pela vida afora..
Eu não chamaria de tentáculos, mas sim de pontes entre as almas o nosso voar nas asas da liberdade, planando nos multimeios de nossas recém criadas realidades.

Estou convicto de que para alcançarmos a liberdade, devemos; nos banhar nos remansos da temperança; ouvir o vento contar as histórias dos tempos idos transformando velhas mentiras em novas verdades; beber da água doce nascida nas novas fontes, a formar impacientes rios;
romper as amarras que aprisionam eternas certezas e deixar-se ir por caminhos incertos só pelo fato, de que é preciso ir.
Beijos
Vittorio

Flavio Ferrari disse...

Ainda bem que você resolveu arriscar, ou não nos conheceríamos ...
Lucas: eu também tenho "dado sorte" ... A verdade é que os cuidados no mundo digital devem ser os mesmos do analógico, mas tem gente que esquece disso e se mete em cada roubada ...
RM, discordo que as relações humanas sejam virtualizadas pelo uso da internet. Vou fazer uma postagem sobre isso assim que terminar de ler um livro de filosofia sobre o assunto (relações) ...

Anne M. Moor disse...

Flávio

Pois... Foi uma 'aventura' muito do bom e não me arrependo.

Aguardando a tua postagem :-)

Beijos

teresinha brandão disse...

Oi, Anne! Bonito texto! AS relações e prátics sociais se alteram... Quem não acompanha corre o risco do isolamento...
Pois que os novos tempos tragam sempre mudançs positivas em busca do outro!
Bj,
Tê!

Anne M. Moor disse...


Sempre é bom te ver perambulando entre meus escritos!!!

Grande beijo