sábado, 19 de fevereiro de 2011

Vozerio II


Durante os últimos anos, tenho falado comigo mesma através da escrita, paixão que explodiu tardia. O escrever-me trouxe no pacote um ver e enxergar, ora surpreendente, ora doloroso, ora cheio de prazer. Vi-me cheia de sonhos e expectativas, alguns possíveis outros improváveis. Aprendi a conviver com os sonhos com menos intensidade e a descartar expectativas que mantinham o sol por detrás de nuvens imensas.

Será que se pode dizer que sabemos o que queremos? Ora uma coisa, ora outra... Nesse vai e vem de vida pululante sei que dividir momentos é sublime. Sei que a vida é um momento atrás do outro – alguns bons, outros nem tanto. Sei que estar junto não necessariamente é estar colado fisicamente. É muito mais que isso. É saber o que se sente pelo modo que se pinta as palavras e que se desenham os anseios. É saber o que o outro quer pelos dardos de significado que emanam de olhos profundos e carinhosos. É saber o desejo pelos gestos do corpo. É aprender a explorar todos os sentidos. É companhia, ora silenciosa, ora tão cheia de som. É saber ficar junto em silêncio em uma concha criada de carinho.

© Anne M. Moor

11 comentários:

Anônimo disse...

Anne esse tardio que disseste
no teu começar a escrever
me parece um amadurecimento perfeito
Linda forma de escrever, e descrever...
tenho uma admiração por ti que não imaginas


Meri Aleixo

Anne M. Moor disse...

Meri

Obrigada! Eu te conheço? Teu nome não me é estranho... Me ajuda aqui :-)

Tão bom te ter por aqui no meio dos meus escritos. Volta sempre.

Beijos
Anne

Anônimo disse...

Oi Anne,
acho que me conhece
estou agora com o blog fechado,
e se tempo para nada,
mas tenho teu link e semmpre leio o que escreve
gosto muito de ler-te,
assim que estiver mais livre das minha atividades
abro o blog e venho te visitar oficialmente
embora sempre te leia

Tens a minha admiração Anne


Ótimo fim de semana

Beijos
Meri Aleixo

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, "a abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou" canta as Geraes; eu leio seus escritos e me parece que escreve com as mãos marcadas pela vida numa longa e árdua caminhada, e escreve com ooração que descobriu a ousadia de voar com os passarinhos... Lindo texto, formoso e forte, terno e disparador...
Abraços com ternura, Jorge

Anne M. Moor disse...

Obrigada Jorge

A caminhada tem sido longa, árdua, mas muito gostosa.

beijos
Anne

A.Tapadinhas disse...

Faz a caminhada de moto...

...até tens um super condutor!
:)
Beijo,
António

PS O último (espelhado) foi novo!

Lemos disse...

Anne

"Todos, ao chegar a nossa idade, tem o direito de se fazer ouvir. Por mais rouca que seja nossa voz..."
Quando fiz este poema, "Grito", quiz expresar exatamente o que relata.
Ternamente
Lemos

Anne M. Moor disse...

António

Boa ideia rsrsrsrs

beijos
Anne

Anne M. Moor disse...

Jorge L.

E gritemos meu amigo...

grande beijo
Anne

Graça Pereira disse...

Querida Anne
Que dizer? Disseste tudo neste post onde o teu coração falou!
A vida, é isso mesmo: um momento atrás do outro.
Encontraste o significado certo de "estar junto"...
Beijocas
Graça

Anne M. Moor disse...

Graça P.

E o estar junto é tão bom, nénão?

Obrigada pelo carinho de sempre.

beijos
Anne