sábado, 30 de abril de 2011

Faiscar de infinito


Adoro este poema do Carlos Camargo que encontrei nas minhas andanças pela internet... 


Foi um momento de glória, um instante,
um faiscar de infinito.
Um suspiro de tempo, um átimo de vida.
Como começou?
Não senti... não sentistes... não sentimos...
Veio suave como a esperança.
Veio leve como a brisa...
Veio macio como bênção de mãe...
Eu estava aqui... tu vieste dali...
Nos olhamos, nos sentimos, mesmo sem jamais termos nos tocado...
Eu senti a maciez da tua pele,
A doçura de teus lábios, o calor de teus abraços...
Senti sim, não duvides. Sei que acreditarás em mim, pois tu o sabes...
Galgamos juntos o poder do saber amar,
vivemos juntos o nosso momento predestinado.
Sofremos unidos o instante do sublime morrer...
Foi um momento de glória, um instante,
um faiscar de infinito.

Eu sabia... tu sabias...
Nós sabíamos...
Estava ali, entre nós dois, no ar que respirávamos e no olhar que trocávamos...
A beleza fugaz do mundo inteiro, recortado em teus olhos macios...
E foi crescendo, foi crescendo, crescendo como um vagalhão de estrelas...
Tal qual a Sonata de Beethoven, de pianíssimo foi a seu auge,
Sem predestinação, predestinado.
O tempo parou... o mundo acabou...o sonho iniciou...
Foi um momento de glória, um instante,
um faiscar de infinito...

Senti teu peito quebrar dolorido, doendo, sofrendo a sorrir, balbuciando a gritar.
Alguma coisa falou em meus olhos, que gargalharam de tristeza,
Na felicidade do instante...do instante da verdade.
Minhas mãos queimaram ao querer fugir dos grilhões que carregavam...
Então eu saí. Saí do meu invólucro humano e fui cosmo...
Vaguei pela galáxia todinha, espargindo fremir.
Desci ao poço do mundo, buscando brilhantes, esmeraldas, em festa de luz.
Fui pássaro...fui peixe... fui música... fui grito... fui sonho, fui terra e fui ar.
Foi um momento de glória.
Um faiscar de infinito.

Mas depois...depois voltamos
Juntamos nossas vidas esquecidas, nossas esperanças frustradas...
Nossas lágrimas, nossos cigarros queimados, nossos minutos contados.
Voltamos à poluição, ao barulho, à pressa...
Voltamos a correr para o amanhã igual ao ontem...
Voltamos a ser eu... e tu!

by Carlos Camargo

8 comentários:

Graça Pereira disse...

LINDISSIMO! Senti o Amor...no faiscar do infinito!
Beijo
Graça

Anne M. Moor disse...

Graça

Este poema fala pra nós.

bjos
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, faíscar... gente é feita pra brilhar, inspira-nos Maiakovsky... Este poema é um encanto, uma vida de conexões amorosas de intensidade de vida... Tâo negadas no nosso vão pragmatismo. Amei;
Abraços com carinho,, Jorge

Jorge Lemos disse...

Assim o Universo se fez!

Anne M. Moor disse...

Jorge B.

A intensidade da vida é o que nos sustenta.

bj
Anne

Anne M. Moor disse...

Jorge L.

Pois...

bj
Anne

Flavio Ferrari disse...

Tava inspiradíssima ... lindo.

Anne M. Moor disse...

Obrigada Flávio! Eu adoro este poema.

bjos
Anne