sábado, 2 de maio de 2009

Casulo

O comentário da Tetê no post anterior me fez pensar... Talvez o poema 'Casulo' explique um pouco o meu escrever. Faz um ano e meio que o escrevi, um dos primeiros sonetos que escrevi - me escrevi...



Durante anos um casulo abrigou-me
escondida no seu interior confortável...
Protegida do mundo e de mim mesma,
que chorava internamente perdas e culpas!

As âncoras abriram seus braços,
sairam do ninho procurando seu vôo,
raízes bem fincadas, dando apoio.
Levaram meu capulho...

Liberta, bati as asas e saí ao mundo.
Abri portas e comportas pra deixar entrar a vida.
Vi-me em movimento na busca do meu norte.

Reconheci-me mulher novamente,
Soltei-me das amarras e abri os braços...
Perdoei-me nem sei do quê! Vivo!

© Anne M. Moor – 31/01/2008
Imagem: “Casulo” – catedral.weblog.com.pt

17 comentários:

Carla P.S. disse...

Deve tá num vôo bem profundo, pra relembrar quando saiu..Que bom.
Aceite um café, depois da farta janta..

Anne M. Moor disse...

Voar sempre é bom Carla! Bom te ver por aqui e obrigada pelo café... :-)

A.Tapadinhas disse...

Nem toda a gente tem a noção exacta do momento em que houve um ponto de viragem nas suas vidas.

Algumas vezes, é um processo lento e gradual que pode levar anos...

Até à libertação da borboleta...

Beijo.
António

Anne M. Moor disse...

Exatamente 15 anos António... Com o vôo das 'âncoras' (=filhos) (re)acordei!

Eu tenho, cada vez mais, a mais absoluta certeza que as coisas acontecem quando tem que acontecer...

Beijos vivos :-)

Suzana disse...

"...Perdoei-me nem sei do quê! Vivo!"
Dá pra não ser sua fã?

Seu melhor!
Lindo.
bjs

Roney Maurício disse...

Ei Anne,
do seu "escrever" ainda não sei se é representativo. Mas, certamente, da vida de muitas mulheres da sua geração e de outras, mais jovens ou anteriores...

E os versos são muito bonitos.

Anne M. Moor disse...

Suzana,
You're my friend! :-) É, este é um que tbm gosto muito...

Obrigada querida!

Beijos

Anne M. Moor disse...

rm
A minha geração foi criada um poço (ou vários) de culpas idiotas, mas pegaram feito chiclete. Pode até se dizer que fui bem criada rsrsrsrs Mas, ao me pensar e me reconstruir eu descobri que eram idiotas sim e as fui descartando uma a uma e:
'Perdoei-me nem sei do quê! Vivo!'

Beijos e obrigada pelo que disseste aqui e lá no teu blog... :-)

Ava disse...

Anne, esse poema parece que foi feito para mim!!!

", bati as asas e saí ao mundo.
Abri portas e comportas pra deixar entrar a vida.
Vi-me em movimento na busca do meu norte."

Essa sou eu...rsrsrs

Parabéns!
Que belo poema!
Que bela escrita de vc!!!

Flavio Ferrari disse...

Perdoar-se ... tem coisa melhor do que isso ?

A.S. disse...

Todos temos asas!!!
Porém nem todos arriscam o voo...


Beijos...

Alfredo Rangel disse...

Anne
Nada como se expor. Se oferecer. Pra receber o que vier. Pra receber o que nem se espera mais. Pra ser envolvida, sentir novos prazeres, nova vida. É oxig~enio que entra naquele quarto abafado. Arrisque-se...exponha-se...desafie...atreva...
Vc sabe que compensa.
Beijo

Anne M. Moor disse...

Avassaladora,
Obrigada amiga!

Beijos

Anne M. Moor disse...

Flávio,
Talvez não... E muitas vezes tão difícil...

Beijos

Anne M. Moor disse...

A.S.
Uma grande verdade... Usar as asas nem sempre temos coragem. Mas deveríamos ter...

Abraços

Anne M. Moor disse...

Rangel,
Aquilo que a gente não esperava mais sempre tem um gostinho mais saboroso né não?

Beijo grande

Anne M. Moor disse...

Obrigada C. Eu sou uma pessoa um tanto objetiva na minha subjetividade... Direta talvez...

Beijos e que bom que vc gostou...