quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sem título...


Das janelas dos meus eus
as paisagens se alternam
Os eus que há de mim não são meus
são daqueles que os enxergam

Quantos reflexos de mim encontrei
Quanto de mim se perdeu em cada encontro
Quantos espelhos em minha alma visitei
Quanto do outro há em mim e do eu há no outro

Fragmentos de vidas de cada personagem
cenários repletos das cores dos meus amores
Diálogos no silencio buscando a imagem
na imensidão dos atos vividos por seus atores

Quantos eus mantenho nas masmorras da memória
personagens de um tempo esquecido, perdidos
Eu finito ser, que vivendo a intensidade de sua historia
encontro-me diante dos meus eus pela vida refletidos

Nunca me encontro pois que sou a imagem formada de mim no outro
Eu, o eu de mim, o eu de ti, o eu dela, o eu deles, infinitos eus
Quem me dera por um único e derradeiro instante findar o desencontro
Vendo refletir a minha imagem no fundo dos olhos meus.

© Vittorio Gilberto Zottino (Um amigo que anda sumido)

10 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo poema, Anne!
Onde posso ler outras obras desse rapaz?
Beijinhos

Cadinho RoCo disse...

Do eu proliferamos tudo.
Cadinho RoCo

Luna Sanchez disse...

Nossas projeções...muito bom, verdadeiro.

Um beijo,

ℓυηα

Anne M. Moor disse...

Janaína,
Lindo né?
O Vittorio é um amigo que conheci aqui e depois pessoalmente em Vinhedo - SP. Ele não tem blog. Este poema ele escreveu como comentário em resposta a um poema meu...
Vamos ver se ele aparece...

Beijos

Anne M. Moor disse...

Cadinho
Ou tudo prolifera em direção ao eu?? :-)

Beijos

Anne M. Moor disse...

Luna
Precisamos deixar nossas projeções existirem e criarem vida!

Beijos

celeal disse...

Fernando Pessoa passou por aí? Que beleza! Ou quem sabe Augusto dos Anjos que escreveu "O eu profundo e outros eus".
Bjs p/ vc e abraços p/

Anne M. Moor disse...

Carlos Eduardo,
Os 'eus' nos mantém na ponta dos pés :-)

Jorge Lemos disse...

Anne
Estou praticamente todos os dias com o Vitorio, meu irmão amigo. Darei o recado.
Ele, entre aulas na Faculdade e a luta pela vida, luta ainda para manter nossa Academia Metropolitana
viva.
Abraços. Agradeço tambem por ele. Justíssima homenagem ao meu afilhado.
Lemos

Anne M. Moor disse...

Jorge,
Eu tinha guardado este poema do Vittorio e achei o outro dia! Que bom que vais poder dar o recado pra ele.
Sorte com a Academia...

Beijão