segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A alma das coisas


Ao estar lendo sentada na sala, repentinamente baixo meu livro e levanto o olhar que para num aparador antigo que está a minha frente. Foi comprado no século passado pelos meus avôs paternos e hoje descansa na minha casa. Adoro o móvel. É, não apenas uma peça linda de mobília, mas, em especial, está carregada de memórias. Não me recordo dele na casa dos meus avôs, embora fui criada com os dois lados de minha família tendo ‘aparadores’. Lembro-me já na casa dos meus pais. Muita da mobília na minha casa veio para a casa dos meus pais quando eles (avôs) vieram morar conosco no Brasil. Eu deveria ter ao redor de 15 anos.

Esta peça em particular, me leva à sala grande na casa de meus pais contra uma parede forrada de madeira e Brandy, nosso cachorro ovelheiro, sentado a frente. Atualmente está na minha sala e nele têm mementos de uma vida em família que me trouxe até ‘aqui’ e me fez quem sou. Fotos de meus avôs maternos, que influenciaram meu crescer de maneira muito profunda em todos os sentidos. Uma foto de meus pais dançando na festa de seus 30 anos de casamento – meu pai com um cachimbo como de costume – e os dois tão felizes. Moravam na Holanda à época. Misturados com essas fotos, várias outras de amigos e de meus filhos em momentos felizes de suas vidas. Jarros de cristal e vasos de porcelana inglesa – todos originariamente dos meus pais e avôs – para lembrar-me de almoços de Natal, aniversários e os chás de quartas à tarde na casa de minha avó materna com toda a família. Para completar isso tudo, livros e DVDs que adoro. Embora essas ‘coisas’ sejam materiais, todas têm uma história própria e me fazem perceber quanta sorte tive em poder alcançar todas as coisas ‘espirituais’ que eu sempre quis para minha vida.

© Anne M. Moor

15 comentários:

Solange Maia disse...

Anne,

a riqueza desse aparador é o que ele tem ao redor... são os momentos vividos, as histórias e sonhos, os amores, a família...
são seus olhos percorrendo essas histórias lindas e compartilhando-as conosco...

adoro esse tipo de tesouro !!!

adoro o que vai além dos olhos...

vim deixar um beijo carinhoso e especial...

Unknown disse...

Minha boa amiga,
o aparador é lindíssimo e para além de ser uma peça de valor, dada a sua antiguidade, tem também o valor estimativo, valor esse que não tem preço.

Gosto imenso de peças antigas e, se forem dos meus antepassados, então nem se fala!

Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas

Anne M. Moor disse...

Solange

Os nossos tesouros só são tesouros quando as reconhecemos né?

Obrigada

Beijo grande
Anne

Anne M. Moor disse...

Olá Ana

Eu estou ladeada pelos meus antepassados e isso me dá um carinho especial...

Beijão amiga
Anne

A.Tapadinhas disse...

"A Alma das Coisas" é o título do poema que acabaste de escrever em prosa...

Beijo,
António

Anne M. Moor disse...

António

Como sempre gosto das tuas sugestões e sou obediente :-)))) troquei o título. Realmente ficou bem melhor! Obrigadão!

Beijos agradecidos
Anne

Graça Pereira disse...

Minha Querida
As coisas, os objectos falam...se falam! O teu aparador é uma peça lindissima...e depois, tu forraste-o com alma...Está aí toda a história da tua vida e...não só...dos teus antepassados que deixaram as suas memórias em objectos que eles tanto amaram...Quanta riqueza em todos os aspectos... Penso que, diante dele, tu... regressas rapidamente a uma etapa da tua vida.
Alguma vez se pode estar só assim? Nunca!
Beijo e bom fds
Graça

Anne M. Moor disse...

Graça

Só ficamos sozinhas quando queremos ou precisamos. O silêncio também é um momento de reflexão e introspecção tão necessário em nossa vidas vez por outra...

Beijos
Anne

Luna Sanchez disse...

Anne,

Que texto bonito, simples e cheio de sentimentos, de lembranças...

Sabe do que mais gostei, embora ele todo seja um encanto? Do termo "descansa na minha casa...".

Beijo.

ℓυηα

Anne M. Moor disse...

Luna

:-) Ele perambulou por tantos lugare e culturas que acho que merece descansar agora :-)

Que bom que gostaste!
Beijos
Anne

vittorio disse...

É algo mágico, poder compreender a "alma das coisas", pois que nela a história de nossas vidas fica impregnada.
Instantes distantes, presentes em pequenos imensos detalhes, a desvelar as lembranças impressas na alma.
Somente quem da forma e cores ás coisas da vida pode sentir a alma de todas as coisas.
Poetas e pintores, a decantar as coisas da vida, e dar-lhe alma.

Beijos

Anne M. Moor disse...

Vittorio

Eu adoro ter mementos que me trazem boas lembranças a minha volta. Parece que me abraçam!

Beijos
Anne

Jorge Lemos disse...

Disseram-me:
"Cada passeio pelo passado
é semente que faz brotar o futuro", não havia eu ainda
entendido a profundidade
de poder sentir realmente "a alma das coisas". Não falo do movel em si, mas a aura que ele contém.

Beijão

Lemos

Anne M. Moor disse...

Jorge

Pois... Não fui eu que escolheu o título, foi a sabedoria do António que o sugeriu e com a qual eu concordei!!

Beijos
Anne

A.Tapadinhas disse...

A Anne disse:

António
Vai lá no meu canto - tem gente elogiando tua tela lá...

Beijos com cheiro de café :-)
Anne

15 de Setembro de 2010 01:56

A.Tapadinhas disse...
Anne: Sempre que posso visito o Life... Living...

...por maioria de razão, agora que tem um café apetitoso, cujo aroma chega a este lado do Atlântico...

Portanto, já sabia das palavras amáveis dos amigos que te visitam.

Não respondi porque, como sabes, não me sinto confortável a agradecer os elogios que me são dirigidos...

Não quer dizer que não os sinta! Tocam-me profundamente no coração. Obrigado a todos!

Beijo,
António

PS. Agora que já agradeci, vou fazer "copy & paste", para o Life...

E aqui está!

Sinceros agradecimentos para todos, beijo especial para ti!
A.Tapadinhas